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Juiz nega prisão para suspeito de abusar de menina

O pedreiro R.S., 47 anos, foi linchado por moradores do bairro Jardim Atlântico, periferia de Araçatuba, na noite deste domingo (26), na frente da esposa e do filho de sete anos. Segundo o boletim de ocorrência, o homem é suspeito de abusar sexualmente de uma menina de quatro anos, que reside no mesmo bairro. O caso foi encaminhado à Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), que teve o pedido de prisão temporária do suspeito negado pela Justiça, na tarde desta segunda-feira (27).

“O juiz alegou que não havia elementos suficientes para decretar a prisão preventiva do suspeito. Porém, isso não quer dizer que nos próximos dias ele pode ter a prisão preventiva decretada”, explica a delegada da DDM, Luciana Pistori Frascino.

Segundo a delegada, a criança foi ouvida na tarde de ontem, juntamente com a mãe. Um exame de corpo de delito foi requisitado para a vítima, cujo resultado de abuso sexual foi negativo. “A criança apresentava uma vermelhidão na região das nádegas, mas como o fato teria ocorrido no sábado, não havia mais indícios que apontassem para um estupro”, disse a delegada. Luciana informou, ainda, que pedirá um laudo psicológico da criança para apurar os fatos. Um inquérito já foi instaurado pela DDM.

A mulher do pedreiro, uma dona de casa de 42 anos, esteve no plantão policial e saiu em defesa do pedreiro. “Meu marido é trabalhador e jamais faria algo desse tipo. Temos um filho de sete anos, justifica”.

INVASÃO

A casa do pedreiro foi invadida depois que a criança o teria apontado como suposto autor do abuso para os pais. Segundo o boletim de ocorrência, cerca de 100 pessoas participaram do linchamento. Os populares usaram pedaços de pau, pedra, tijolos e até uma faca para agredir o pedreiro. Na residência, as marcas da violência ficaram estampadas nas paredes, chão e moveis. As marcas de sangue ficaram espalhadas pelo local. Testemunhas disseram que, na tentativa de evitar as agressões, o pedreiro segurou o filho de sete anos junto ao corpo. Mas, a esposa e a criança foram retiradas da casa.

O homem só não morreu por que uma viatura do GOE (Grupo de Operações Especiais) conseguiu retirá-lo do local. Mesmo dentro da viatura, os populares ainda tentavam atingi-lo. Um dos homens que participou do linchamento disse que a intenção era matar o pedreiro. “Entramos ali para matar o cara, mesmo. A gente não perdoa esse tipo de violência”, relata o homem que preferiu ter o nome preservado.

Uma da criança, que também é menor de idade, relatou que a menina teria sofrido o abuso na tarde de sábado, porém, a família soube apenas no domingo, quando a menor resolveu contar. “Ela chorava muito e disse que ele [pedreiro] tinha oferecido uma bexiga para ela”.

REVOLTA

Ontem, a reportagem de O LIBERAL esteve no local onde supostamente o abuso teria ocorrido. Os moradores estavam revoltados com a possibilidade de o pedreiro ser liberado pela polícia. Eles relataram que, na noite de anteontem, o homem foi chamado à frente do imóvel para conversar e esclarecer a situação, tendo se recusado. A menina de quatro anos foi levada até a casa do pedreiro, onde o teria apontado como autor do abuso. Nesse momento, os populares se armaram com pedras e pedaços de pau e invadiram a residência, em busca de “justiça”.

Devido aos ferimentos, o pedreiro foi levado ao Pronto-socorro Municipal, pelos policiais do GOE. Em seguida, ele foi conduzido à delegacia. Na manhã de ontem, o pedreiro reafirmou sua inocência à imprensa, momentos antes de ser apresentado na Delegacia de Defesa da Mulher.


DA REDAÇÃO, ESTER LEÃO - ARAÇATUBA